8.25.2009

Portugal, português...

Tem sido um dos temas mais vivos nos nossos encontros, a par da teoria da tabela em bilhar, o tema de Portugal, o melhor país do mundo e português, a nacionalidade de merda.

Ora bem, eu sempre quis ser italiano, bonito, azeiteiro, moreno, com cabelo cheio de gel e olhos claros, um Buffon mas português e também sempre disse, e fruto das minhas viagens, que Portugal é o melhor país do mundo! (não é, o Japão é que é, mas isso não interessa).

Venho com esta conversa da treta para introduzir dois textos. O primeiro é resultado de dois estudos sobre o ser português. O segundo texto, é do Rui Zink e acho que resume muito bem o que é ser português. Aqui fica:

Dois estudos recentes sobre os portugueses revelam resultados mais ou menos surpreendentes. O primeiro confirma um conhecimento ancestral sobre nós: somos pobres mas felizes. O segundo surpreende porque entra em contradição com o anterior: estamos mais individualistas, somos menos preconceituosos e não dávamos a vida por ninguém. Não sei como se chega a estas conclusões nem como são elaborados estes estudos, mas se me pedem para acreditar, eu acredito. Pobres e contentes é engraçado mas assim não vamos lá. Talvez seja hora de aceitarmos que uma dose saudável de infelicidade em troca de mais bem-estar material não é um pecado mortal. A esperança, aliás, está no resultado do segundo teste. O individualismo só faz mal a quem não o sabe usar. Não é por querermos ser autónomos que somos necessariamente uns egoístas insensíveis aos males do mundo. O curioso é que o diabolizado individualismo parece trazer consigo uma maior tolerância. Ora, afinal, o que vale mais? Pertencer ao mundo e ser intolerante ou perceber que só podemos dar aos outros se tivermos alguma coisa para dar? Quanto à peculiar questão de dar a vida por alguém, temos felizmente grandes avanços na medicina e já não há guerras que o justifiquem.


Agora a resposta do Rui Zink a este estudo:

Não posso concordar com “conclusões” de quaisquer “estudos“, porque elas/eles são sempre (se o assunto for complexo) a sorte e a aproximação. Obviamente pode-se argumentar que, no caso dessa entidade chamada “Portugueses”, o estudo nem terá enfrentado demasiadas complexidades. Mas nunca fiando, até porque o objecto de estudo já deu provas, ao longo de quase mil anos, de ser multiforme, versátil, adaptável e, ocasionalmente, imprevisível. Pessoalmente, gosto de Portugueses, fritos, assados, no forno, na cidade, no campo ou na praia. E estão a ficar mais urbanos, catitas. Sempre achei que nós Portugueses éramos os únicos Verdadeiros Europeus, porque éramos os únicos que, genuinamente, nos queríamos diluir na Europa. E diluir no sentido de anular mesmo. E continuamos a ser o único povo que, genuinamente, se odeia a si próprio enquanto colectivo nacional, mas se adora enquanto pequena colectividade. No fundo somos uma feliz sociedade recreativa, um país com pés de bairro, e a verdade é que nenhum de nós, nem mesmo o mais caturra, resiste a um alegre arraial. Isto podia ser terrível, mas é talvez a chave do nosso génio. Somos o povo-camaleão , o povo-macaco de imitação, o povo-Zelig , o país que quer ser, do primeiro-ministro ao arrumador, “como se é lá fora”. E isso não tem mal nenhum, antes pelo contrário, é o nosso encanto. E a chave para a nossa identidade. “Gostava de ser outro”, disse Pessoa. Ora aqui está uma boa definição para Portugal, acho: “O país que gostava de ser outro”.

E, quem sabe?, talvez um dia. Tantas vezes o cântaro vai à fonte que…



Sinceramente, o nosso país tem imensas falhas, tem. Saiu da ditadura há 30 anos e é preciso que a geração dos nossos pais desapareça para que a mentalidade mais conservadora/agarrada/vestida de preto não exista. Somos muito mais viajados e recebemos muito mais viajantes/turistas. Temos um plano de acesso a novas tecnologias que começa aos 5 anos. O país vai falir, mas continuo a dizer que nem sempre lá fora é que é.

4 comentários:

Spike Spiegel disse...

o caminho é pra frentex! tantas vezes dizemos que somos os melhores do mundo, que quando dermos por nós...somos mesmo! é o poder do pensamento positivo, falta-nos isso! qto aos estudos deviam ser proibidos, há alguns mto estúpidos, parecem querer apenas provar a intenção do autor, qd se faz um estudo sobre um determinado assunto parece que esse assunto é a única coisa que existe!

Tsubasa Ozora disse...

este estudo é tao estupido como aqeles q saem de 6 em 6 meses em q perguntam ao povo "acha q Portugal deveria unir à Espanha?" (a tao propagada Iberia...

mas uma cena é certa: a nós só nao nos falta vontade, apenas falta acçao (vejam as letras das musicas "'Borá lá fazer a puta da revolução" dos Da Weasel e tb a "Movimento Perpétuo Associativo" dos Deolinda), pq de resto o nosso país é bem fixola. e sabem que mais? viva o Martins dos Frangos :D

No plans disse...

Já imaginaram um franchise do Martins dos Frangos? No Norteshopping?? Tchiiiiii€€€€€€€€€€€€€€€€€€€€

Spike Spiegel disse...

martins of the chickens